day tripper

Mora no interior de são paulo onde dão enfase no R, de sotaque bem arrastado, com suas pernas bem torneadas, cabelos grisalhos, com seu vestido florido, ela diz que está lendo um livro jardim noturno de Vínicius de Morais, e diz que está feliz que você a tenha ido visita-la pois fazia mais de um ano que não ia até as várzeas e seus belos campos com cheiro de lavanda e você sente falta dela e do cheiro de seus cabelos louros porém grisalhos, ela tem coxas lindas mas a luz dos olhos castanhos dela consegue até ofuscar o crepúsculo.
Ela anda como uma bailarina, elegantemente linda, seus cabelos esvoaçantes, ela senta-se sobre a toalha estendida naquela várzea com um cheiro adocicado de café com lavanda, seus lábios umidecidos, o vento cortante, levando algumas flores não se faz idéia pra onde, seu vestido parece mais um cumprimento daquele campo vocês se olham, ela diz meu bem por favor não vá, você é um cara mulherengo vive de bares com esgotos cheios de ratos acustumado com mulheres lindas mas aquela mulher tem algo que você não consegue entender, ela faz parar a sua respiração seu coração palpita.
E de repente vê o céu, as nuvens dançam sobre suas cabeças vê cores desolando aquela tristeza que todo ser tem dentro de si, aquela imagem solitária de um homem com apenas paisagens gris, vira tudo technicolor, não se lembra porque a deixou se pergunta como pode ser tão irracional, incredulo no amor, se perdeu sem o motivo de se perder, sua alma é de lobo mas com um coração de um homem, traiu seu amor, sua alma, deixou para trás gastou seu dinheiro, perdeu-se em bebidas e orgias, agora estava ali com talvez quem poderia ser sua alma gêmea, vive em extremos dilemas, de qualquer maneira vai morrer mas pelo menos vai morrer crendo que sim, teve um amor, sim viveu pois quem já quase vive já morreu.